O Circo Mecânico Tresaulti, de Genevive Valentine
por Fernanda Alves
(Primeiramente, gostaria de ressaltar que esta resenha é obra de uma amiga minha. Ela pediu para que eu a avaliasse e postasse aqui no Paradise Reading. Desde já agradeço, e boa leitura!)
Se
você é amante de livros, talvez já tenha visto esse nas livrarias. Talvez tenha
chamado sua atenção pela cor e pelo título. Talvez, ao pegá-lo, tenha adorado
sua textura. E é impossível não dar uma boa olhada em suas incríveis ilustrações.
Se você não se deixa enganar por uma bonita edição, tudo bem, pois a
originalidade da história conquista várias pessoas. E aí, meu amigo, você
acabou de encontrar um livro “bonito por dentro e por fora”.
“Mas um livro sobre circo?”, você se pergunta. “Pois é! Pois é!”, diz esse texto, super entusiasmado. Esse universo, onde é explorado de alguma forma o mundo do circo, é cheio de possibilidades. Pode ser explorado um casal, ou um triangulo amoroso. Um mundo com algum tipo de magia, com suspense e mistério. O autor tem a chance de ser muito mais criativo. E dos livros e mangás que eu li sobre o tema, todos usaram e abusaram da criatividade. Afinal, pra que ser clichê em um mundo circense?
O
livro em questão é muito mais do que a saga de um circo misterioso. Em um mundo
onde a guerra está em todos os lugares, o quanto ela pode afetar a sociedade?
As pessoas tentam, de todas as maneiras, não cair em desespero, tentam se
distrair, tentam fugir dessa realidade de qualquer maneira. Mas a guerra chega
a todos.
A
trupe é formada por ex-soldados, refugiados, feridos, que, ao ver que o circo
chegou à cidade, se juntam a ele. A líder do circo, Boss, tem a habilidade de criar
peças mecânicas e incorporá-las nas pessoas, segundo sua necessidade. Uma
coluna vertebral de aço para um soldado ferido. Pulmões mecânicos para outro,
asas mecânicas, tudo o que se possa imaginar ela é capaz de fazer. Ganham novos
nomes, novas habilidades, e o passado é deixado para trás.
Ao
longo do livro os personagens são apresentados de uma forma não linear. Através
de flashbacks e troca de narrador sem
um aviso prévio. O que faz todo o diferencial nesse livro é ele não ser mais um
romance idealizado. Os personagens são reais, são pessoas com conflitos, cheias
de cicatrizes do tempo. O que parece ser um “personagem malvado” na visão do
Pequeno George, que ainda é uma criança; dois capítulos a frente são
desenvolvidos e mostrados um pouco mais que: nada é tão preto no branco. Nada é
tão simples como personagens totalmente “bonzinhos” ou “malvados”. Eles têm que
conviver no circo com seus conflitos e as consequências que Boss deu a eles.
Dádiva e desespero andam de mãos dadas, aqui. Para além desses conflitos, seu
mundo ainda está devastado, e ainda existem pessoas que continuam a guerra lá
fora.
Um
livro inovador que pode ser visto sobre várias camadas diferentes. Além de ser
poético, existem partes tristes e partes felizes que são deliciosas de ler. Pra
quem quer tentar algo novo, fica a dica.
Vale
lembrar que o livro foi indicado ao Prêmio Nebula e ganhou o prêmio Crawford Award 2012.
“Quando
um jovem garoto em especial vai ao circo e se esquece de aplaudir os acrobatas
ou o homem forte por estar se perguntando se eles poderiam lhe ser úteis, ele é
um homem do governo. (…)”
Essa é uma opinião pessoal de alguém que gosta de ler bons livros.
Sinta-se a vontade para discordar, concordar ou comentar. Não é uma crítica
literária. É apenas a opinião de uma leitora.