terça-feira, 15 de abril de 2014

#review09

O Circo Mecânico Tresaulti, de Genevive Valentine

por Fernanda Alves

                 (Primeiramente, gostaria de ressaltar que esta resenha é obra de uma amiga minha. Ela pediu para que eu a avaliasse e postasse aqui no Paradise Reading. Desde já agradeço, e boa leitura!)
Se você é amante de livros, talvez já tenha visto esse nas livrarias. Talvez tenha chamado sua atenção pela cor e pelo título. Talvez, ao pegá-lo, tenha adorado sua textura. E é impossível não dar uma boa olhada em suas incríveis ilustrações. Se você não se deixa enganar por uma bonita edição, tudo bem, pois a originalidade da história conquista várias pessoas. E aí, meu amigo, você acabou de encontrar um livro “bonito por dentro e por fora”.

“Mas um livro sobre circo?”, você se pergunta. “Pois é! Pois é!”, diz esse texto, super entusiasmado. Esse universo, onde é explorado de alguma forma o mundo do circo, é cheio de possibilidades. Pode ser explorado um casal, ou um triangulo amoroso. Um mundo com algum tipo de magia, com suspense e mistério. O autor tem a chance de ser muito mais criativo. E dos livros e mangás que eu li sobre o tema, todos usaram e abusaram da criatividade. Afinal, pra que ser clichê em um mundo circense?


O livro em questão é muito mais do que a saga de um circo misterioso. Em um mundo onde a guerra está em todos os lugares, o quanto ela pode afetar a sociedade? As pessoas tentam, de todas as maneiras, não cair em desespero, tentam se distrair, tentam fugir dessa realidade de qualquer maneira. Mas a guerra chega a todos.
A trupe é formada por ex-soldados, refugiados, feridos, que, ao ver que o circo chegou à cidade, se juntam a ele. A líder do circo, Boss, tem a habilidade de criar peças mecânicas e incorporá-las nas pessoas, segundo sua necessidade. Uma coluna vertebral de aço para um soldado ferido. Pulmões mecânicos para outro, asas mecânicas, tudo o que se possa imaginar ela é capaz de fazer. Ganham novos nomes, novas habilidades, e o passado é deixado para trás.
Ao longo do livro os personagens são apresentados de uma forma não linear. Através de flashbacks e troca de narrador sem um aviso prévio. O que faz todo o diferencial nesse livro é ele não ser mais um romance idealizado. Os personagens são reais, são pessoas com conflitos, cheias de cicatrizes do tempo. O que parece ser um “personagem malvado” na visão do Pequeno George, que ainda é uma criança; dois capítulos a frente são desenvolvidos e mostrados um pouco mais que: nada é tão preto no branco. Nada é tão simples como personagens totalmente “bonzinhos” ou “malvados”. Eles têm que conviver no circo com seus conflitos e as consequências que Boss deu a eles. Dádiva e desespero andam de mãos dadas, aqui. Para além desses conflitos, seu mundo ainda está devastado, e ainda existem pessoas que continuam a guerra lá fora.
Um livro inovador que pode ser visto sobre várias camadas diferentes. Além de ser poético, existem partes tristes e partes felizes que são deliciosas de ler. Pra quem quer tentar algo novo, fica a dica.
Vale lembrar que o livro foi indicado ao Prêmio Nebula  e ganhou o prêmio Crawford Award 2012.
“Quando um jovem garoto em especial vai ao circo e se esquece de aplaudir os acrobatas ou o homem forte por estar se perguntando se eles poderiam lhe ser úteis, ele é um homem do governo. (…)”
Essa é uma opinião pessoal de alguém que gosta de ler bons livros. Sinta-se a vontade para discordar, concordar ou comentar. Não é uma crítica literária. É apenas a opinião de uma leitora.